Os Clássicos da Política e a realidade nacional
Faz tempo que eu li alguns desses caras, mas são muito importantes. Hobbes ainda justificava a tirania, por deus; Locke, anos mais tarde dialoga/debate com as ideias hobbesianas, na verdade, contra elas, com a ideia de contrato social. É o início do liberalismo político e é um autor pouco lido e entendido pelos liberais contemporâneos porque não há uma ideia de perfeição pelo mercado. É uma ideia de CONTRATO SOCIAL, mediada pelo estado. E o mais importante para mim é Maquiavel porque, pela primeira vez, no pensamento político se separa da justificativa divina do poder. Para Maquiavel se trata, meramente, de um jogo de forças e ele atingiu isto porque, singelamente, seu livro é uma carta de pedido de emprego para um monarca. Então, ele dá a real. É como se deixássemos de lado toda essa mixórdia teórica de “conservadorismo”, “liberalismo”, “socialismo” e todos os ismos e ouvíssemos os caras que estão hoje no Congresso Nacional articulando como vão ficar mais tempo no poder. Maquiavel é isto, realidade pura e, por isso que ser maquiavelista não é ser maquiavélico. Maquiavélico é quando o sujeito arma sem pudor, usando as pessoas e mesmo quando se é bom se faz em proveito próprio, já maquiavelista é quando tu analisa a realidade social e política não se iludindo com discursos, mas tentando entender os jogos e estruturas de poder através de seus sinais. Os sinais são dados pelas atitudes. Quer um exemplo? Pegue algum empresário famoso que apoia incondicionalmente o presidente da república em exercício. Tu acha que ele só faz isto por devoção? Claro que não. Agora, isto significa que não devemos apoiar ninguém então? Não, nós podemos sim, mas analisando sempre para que lado o barco está pendendo. Se certos valores não forem observados, pulamos fora.
A questão toda é em que valores e princípios acreditamos e quais os limites toleramos quando eles não são observados. Então, os limites foram ultrapassados no atual governo brasileiro? Isto é o que as pessoas racionais deveriam se propor a discutir e não é o que eu tenho visto.
Anselmo Heidrich
19 jan. 20