Cara Naves, eu trabalhei com crianças de periferia na escola com piores índices da região metropolitana de Florianópolis, Biguaçu. Vi o que tu mencionas, é real. Mas vi também que há fatores que são extra-classe, muitos, como a violência local. Certa vez propus uma gincana, que participassem de uma prova proposta pela National Geographic e creia-me, havia muitos com capacidade. Após os testes dois foram qualificados para a fase seguinte, um garoto e uma garota de origens e etnias diversas, o rapaz negro, imigrante baiano e a menina, nativa e evangélica. Histórias e percursos distintos. Mas uma barreira comum os impediu de seguir. Ingenuamente eu combinei horário e data para seguirem para a próxima fase, mas eles não foram e não me falaram que não iam: tinham receio de sair das cercanias de onde moravam. Suas vidas fora do bairro eram tolhidas porque tinham restrições por onde andar sem acompanhamento e dependendo do horário, toque de recolher. Agora pense em como crianças assim poderão buscar oportunidades fora de seu círculo de vida limitado? Triste.